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Miami Desire District

Miami Desire District

Antonio Haslauer

APÓS DAR CARA NOVA AO BALNEÁRIO, COMO POLO CULTURAL, O DESIGN DISTRICT SE TORNA ENDEREÇO COOL E OBRIGATÓRIO DAS MAIORES MARCAS DE LUXO DO PLANETA.

Moda, arte e design são forças transformadoras. Quando unidas sob uma tutela visionária, a tríade pode influenciar o mundo de forma extraordinária. É exatamente isso que Craig Robins, pioneiro do renascimento de South Beach, em Miami, conseguiu fazer ao transformar um trecho do distrito de Buena Vista, no balneário americano, em polo cool de arte e design, que ganhou o nome de Miami Design District no final dos anos 1990, e que agora está se tornando parada obrigatória também das maiores marcas de luxo do planeta.

Grifes como Louis Vuitton, Hermès, Dior, Cartier e Pucci inauguraram lojas ali. Antes deles, Thomas Maier, estilista da Bottega Veneta, também abriu um ponto da marca que leva seu nome. Todas, claro, em sintonia com o viés criativo da região. A Vuitton, por exemplo, contratou o artista de grafite Retna para decorar a fachada da nova loja, reinterpretando o icônico logo da maison com seus traços gigantes. “Minha ideia sempre foi trazer conteúdo cultural para cá e, desse modo, ampliar a experiência do público”, diz Craig à Harper’s Bazaar.

Dilapidada ao longo das décadas de 80 e 90, quando os fabricantes de móveis que povoavam os armazéns da região a trocaram por lojas em shoppings, e com metade dos prédios ainda abandonados no final dos anos 1990, a região da Northeast 40th Street e Northeast Second Avenue logo atraiu a atenção dele. Colecionador de arte e design e empreendedor imobiliário, Craig enxergou a oportunidade de criar uma nova destinação na cidade, levando para lá as melhores lojas de design e decoração do mundo. Graças à sua visão, o district não demorou para se tornar visita obrigatória, sobretudo após o lançamento, em 2005, da feira Design Miami, evento satélite da Miami Art Basel, referência do jet set internacional.

Trabalhar as sinergias entre moda, arte e design não é novo. Christian Dior, ao conceber sua primeira maison, em 1946, teve colaboração de Christian Bérard, que não apenas decorou a boutique, mas criou uma linguagem visual para a marca que perdura até hoje. Mais tarde, nos anos 1990, parcerias como a de Helmut Lang e Louise Bourgeois marcaram um momento estético da moda ainda reverenciado pelos conoscenti. A arte, que por definição provoca questionamento, tem um impacto na moda como poucas outras áreas. Sem esse diálogo com a arte, a moda sofre o risco de virar apenas roupa.

Nesse contexto, é fácil entender a migração das grandes marcas para lá. Ao abandonar o conceito tradicional de flagships em avenidas de luxo e shoppings, elas encontram o espaço necessário para articular linguagem artística e conexão imediata com outras ações que complementem a marca. “Nossa prioridade é criar um fórum para o diálogo global entre moda, arte e design. As marcas, hoje, se posicionam de forma inovadora e estão focadas em oferecer uma experiência de lifestyle a seu público”, diz.

O Miami Design District é, para muitos, um case study sobre revitalização de áreas urbanas em decadência. Os planos de Craig Robins incluem, além de atrair mais marcas expressivas para o bairro, também a adição de mais restaurantes e de um hotel boutique criado sob sua curadoria. Flagships de marcas brasileiras, como Ornare, já fazem parte da vizinhança. Para Craig, é questão de tempo para outras etiquetas nacionais se instalarem no Design District. E o cobiçado consumidor brasileiro não fica atrás. Segundo Craig, “o País é parte do que faz Miami ser um lugar especial”. Considerando que 1,1 milhão de visitantes daqui gastaram um total de US$ 1,6 bilhão de dólares na Flórida só em 2011, fica fácil imaginar BRILHO Loja da Cartier, na área de Miami Design District, conhecida por unir espaços de moda e arte que esse sentimento seja mútuo.

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